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terça-feira, 8 de abril de 2014

Injustiças na vida de uma SuperHeroína

No dia em que o meu avô morreu, uma das suas filhas, que já não o via há 2 anos, por estar emigrada, estava em plena viagem. Esta não era uma viagem feita como as outras...com o coração a saltar do peito de alegria, por rever a família. Desta vez, o coração, apertadinho, no fundo do peito, quase temia bater. Ela sabia que esta viagem, preparada às pressas, quase sem bagagem, significava a última visita ao pai... Não consigo (e nem quero) imaginar a dor de um filho sabendo que vai ver o pai pela última vez! Quis o destino que isso não acontecesse...e ele partiu mesmo antes dela chegar. Deu tempo para tratar de todas as burocracias antes sequer de a ir buscar ao aeroporto. Este episódio marcou muito a minha vida. Sou filha única e muito ligada aos meus pais. Com o meu pai tenho uma ligação super especial...e recuso-me imaginar-me numa situação idêntica. 
Ontem, uma amiga perdeu o seu pai quase da mesma forma que a minha tia. 
Uma SuperHeroína, que foi travar uma batalha para o outro lado do mundo...onde tudo é tão escasso, à parte da esperança e da alegria de viver com quase nada. Antes da sua partida para Timor, onde foi partilhar o que sabe e educar meninos e meninas que nada têm, no meio de um abraço apertado, disse-me a medo "Será que eu vou morrer por lá?" Levou o meu olhar de reprovação e um "Vê lá se não te armas em tola..." ...mas no meu coração deixou o medo...um medo atroz! Apesar dela não ser católica, fazia parte da minha lista de nomes nas minhas orações, pois apesar da sua personalidade louca e aventureira, de uma cidadã do mundo, literalmente, também esta SuperHeroína precisava de protecção divina e de aconchego do meu Deus. As saudades já apertavam. Mas aguentavam-se por mais uns meses... Não é justo uma pessoa que dá tanto de si, cujo nome do meio é Altruísta, perder um pilar da sua vida, sem ter sequer a hipótese de se despedir...sem dar um último abraço...sem sussurrar aquelas verdades, que por vezes não se dizem por se considerarem óbvias demais...não é justo! 

1 comentário:

  1. Não é mesmo justo. Também sou filha única e tenho uma relação de muita proximidade com o meu pai. Nem sequer consigo imaginar como me sentiria. Beijos.

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